segunda-feira, 14 de abril de 2014

Análise espaço-temporal e do estado de degradação em fragmento de Mata Atlântica: Mata de Dois Unidos em Recife/PE.

OLIVEIRA, C. B. S. de. Análise espaço-temporal e do estado de degradação em fragmento de Mata Atlântica: Mata de Dois Unidos em Recife/PE. Recife: UFPE – DCG/NAPA (Monografia de Graduação), 60p. Departamento de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. 2011.

O estudo foi realizado na Mata de Dois Unidos, um fragmento de Mata Atlântica que se localiza na cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco e se encontra protegido por lei como uma Unidade de Conservação (UC) estadual e, parte dela constitui-se Floresta Urbana.
Com uma área de 52,14 ha, essa Mata se encontra ilhada pela expansão das atividades humanas e vem sofrendo fortes pressões.
Em virtude de sua importância biológica objetivou-se identificar as alterações espaciais ocorridas desde a década de 70 até os dias atuais na Mata de Dois Unidos, visando fornecer subsídios para o monitoramento e conservação da área, através das variações espaço temporais do uso e ocupação do solo de imagens aéreas dos anos de 1974 e 1997 e ortofotocartas de 2007. Foram também realizadas entrevistas com moradores através de questionário semiestruturado com a finalidade de obter informações sobre a percepção ambiental da população e sua relação com a mata. Com intuito de identificar os principais tensores da degradação no entorno desse fragmento foi realizado a aplicação de checklist dos indicadores de pressão antrópica (TOMMASI, 1994).
Os resultados obtidos indicaram que a Mata de Dois Unidos teve uma grande perda de vegetação ao longo de 33 anos (415%), enquanto a área urbana teve um aumento de 264%. As entrevistas indicaram que a população não recebe instrução acerca das legislações que regem essa UC, embora a maioria tenha relatado preservar a Mata, mas no dia-a-dia observam diferentes formas de impactos na área. De acordo com a aplicação do checklist a Mata de Dois Unidos tem uma degradação considerada moderada, pelos parâmetros de Tommasi (1994), tendo a expansão urbana, a invasão de áreas de margens e a dispersão de resíduos sólidos como os fortes tensores ambientais da área.
Verificou-se que nessa Mata o crescimento desordenado trouxe sérios problemas para o espaço natural principalmente no que se refere aos impactos ambientais causados pela urbanização. O estudo permitiu concluir que mesmo protegida por lei a Mata de Dois Unidos vem sofrendo impactos diretos e indiretos decorrentes das atividades antrópicas.

*O trabalho completo se encontra disponível no NAPAGeo da UFPE

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Trabalho de Campo - Praia de Maracaípe

Nossa visita técnica aconteceu na Praia de Maracaípe, litoral Sul de Pernambuco. Na terça-feira, 21 de Setembro de 2010. O objetivo do grupo de estudo era realizar um Check List através do reconhecimento in loco das transformações socioambientais ocorridas em suas paisagens naturais. Escolhendo lugares estratégicos para pegar pontos no GPS para posterior georeferenciamento no SERGEO - Núcleo de Estudo em Sensoriamento Remoto da UFPE. O grupo em campo esteve sob a coordenação da Professora Doutora Maria Fernanda Abrantes Torres, professora da Graduação e do Mestrado do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.


Ao chegar na área de estudo nos surpreendemos com o surgimento de submoradia (palafitas) na margem direita da recém construída Rodovia Porto-Maracaípe. Identificamos que com a construção da estrada famílias de pessoas carentes foram atraídas pelo possível desenvolvimento que essa estrada por hora vem a trazer, porém, a problemática vem a tona com o crescimento incontrolável do processo de favelização que traz consigo miséria, violência, exclusão social e degradação ambiental. Realidade que não combina com a beleza e com a vocação natural da região, no caso, o turismo.


Chegamos bem perto de um dos lugares mais problemáticos de Maracaípe e nos deparamos com um muro construído dentro do manguezal, segregando a população local de ter acesso ao mangue. Dizem que este murro foi construído para impedir que o processo de favelização se propague e cresça sob o mangue... na verdade, esta não foi a unica intenção, a população local afirma que foi meramente especulação imobiliária.. para futuros e lucrativos negócios com a construção de Hotéis.


Como se não bastasse o muro da vergonha, também encontramos uma enorme cerca construída sobre o apicum do manguezal, vale a pena lembrar que o manguezal é considerado pela Legislação brasileira como ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP. A localização dos manguezais em áreas protegidas dos litorais, como estuários, baías e lagoas, coincide com as áreas de maior interesse para as comunidades humanas, uma vez que são as mais proveitosas para a instalação de complexos industriais-portuários e para a expansão turístico-imobiliária. Esta infeliz coincidência tem levado, ao longo do tempo, à erradicação dos manguezais em grande parte dos litorais dos trópicos em todo o mundo.


Mesmo surpresos com tamanha desconsideração ao meio ambiente, após passarmos por muros, favelas e cercas, encontramos bonitas paisagens naturais ainda conservadas já próximo a desembocadura do Rio Maracaípe, em seu encontro com o mar. 


A região estuarina de Maracaípe é um dos principais pontos turísticos do Litoral Pernambucano, onde os visitantes podem passear de jangada, mergulhar, ver cavalos marinhos e contemplar um fantástico por-do-sol no estuário do Pontal de Maracaípe.


Muitas pessoas sobrevivem dos recursos naturais que vem do manguezal, com a pesca tradicional eles extraem peixes, catam caranguejos, siris, aratus, e muitas vezes tem nessa atividade sua unica fonte de renda. Por isso precisamos com urgência conservar e cuidar do manguezal, não só para o uso turístico, mais para os possíveis múltiplos usos que podem ser feitos no mangue ele estando bem conservado. O produto do mangue mais largamente utilizado é a madeira, empregada nas construção de habitações de famílias de baixa renda. Podemos observar bem isso com as inúmeras marcas de cortes identificadas em troncos no percurso da trilha.

Conocarpus erectu encontrado durante nossa trilha.

Ainda falta muito para o conhecimento completo sobre o número total das espécies da fauna e da flora existentes nos manguezais, mas mesmo assim com base em levantamentos biogeográficos é possível quantificar os organismos a eles associados.
Através da geração de bens de serviços diretos e indiretos, os manguezais adquirem grande importância para o homem. Quando o homem induz um pacto de qualquer espécie seja ele aterro, derramamento, desmatamento ou depósito de lixo entre outros, o bosque de mangue deixar de contribuir com muitos de seus benefícios, prestados gratuitamente.

Aqui já estávamos no meio de nossa caminha, passamos pela trilha dos manguezais e agora descobrimos a trilha das restingas que vai bater lá na beira do mar.

Professora Maria Fernanda Abrantes Torres. 
Muito obrigado prof pela atenção, disposição e vontade de descobrir a cada segundo a geografia de nossas vidas. =)

Grupo de Estudo em Biogeografia e Meio Ambiente, BIOMA - UFPE em trabalho de campo.

Imagens da erosão costeira e de construções irregulares a beira mar na Praia de Maracaípe.


Uma pausa para o almoço após uma caminhada interpretativa de 3,6 km por Maracaípe.

Valeu grupo! 

Nossa atividade de campo foi bastante produtiva. Agora é nos prepararmos para novas viagens e pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de estudo BIOMA - UFPE.